sexta-feira, 23 de abril de 2010 | By: Igors Denali




O tempo passa, levando consigo toda a minha sensibilidade. Aquele ressonar de minha respiração ansiosa cessa, assim como o som do sangue pulsando em minhas veias. Silêncio. Sei que me transformo em um autêntico zumbi ao permitir que essa situação se estenda, mas até mesmo o tempo se tornou imperceptível para mim, sendo cúmplice do estado de torpor que me consome.

- Cada dia continuará sendo nada mais que a cópia do anterior. Assim, abomino o amanhã, pois será apenas o reflexo do meu hoje.





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domingo, 18 de abril de 2010 | By: Igors Denali
Um buraco depõe meu peito, e sobressai o vazio de onde antes havia um coração. Não sinto, me enxergo ou me ouço, estou sozinho e distante, afugentado por um predador feroz e perspicaz: a consciência. Ouça comigo aquela melodia desconhecida, pois sozinho, sinto-a trespassar meus ouvidos como uma lamina, dolorosa e fria. Encontre-me. A brisa carregada com seu aroma tateia a minha procura, como que se por obséquio, quisesse fazer companhia a dor do meu desejo inoportuno. Aquele frio me congela, queima, faz-me escalar as paredes da minha mente, a única prisão que realmente devia ser temida. Com o tempo contra mim, rastejar às cegas a procura de um sentido para tudo isso já não é mais suficiente. Desistência, desapego. Esqueci o sentimento esmagado sob meu vazio, e penhorei aquele nobre órgão solitário. O espaço vago que agora carrego no peito, é a minha única doce lembrança.

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sexta-feira, 16 de abril de 2010 | By: Igors Denali
Quero que me conheçam pelo que eu sou, e não só pelo que minha imagem passa. Pois logo, talvez a juventude me abandone, mas o que fui, sou e serei, permanecerá. E o que fiz, sendo ou não um marco histórico, ficará preso às pessoas que realmente me importaram. A beleza continua sendo passageira, e o único jeito de mantê-la eternamente como em uma fotografia, é se render a uma morte prematura. Um desejo estético pela eterna juventude, fútil e egoísta, e nas mesmas proporções, incrivelmente tentador.

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quinta-feira, 15 de abril de 2010 | By: Igors Denali
Ambição. Não vou desistir do que quero, nem aceitar conselhos de que não possui sede. Procurei por mim sozinho, e me achei tão só quanto sempre fui. Tranquei-me no subsolo do meu ser, restringido à liberdade por tempo demais. Agora escapei, não posso mais fugir de mim mesmo... sou bom demais para conseguir.

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sexta-feira, 9 de abril de 2010 | By: Igors Denali
Ela é linda. – pensei, meus olhos vidrados com a imagem dela em minha mente. – Nunca havia parado para contemplá-la como naquela manhã, para ver como seus cabelos caem contornando seu rosto, formando duas cortinas em variados tons dourados. Como seus olhos permitem um brilho irremediavelmente ofuscante, e igualmente penetrante a quem os procura. Sua pele clara e macia. Seus traços finos e perfeitos. Sua boca... O corpo...

E não tão somente isso, algo interior, como a sensação que emana dela enquanto conversamos. As reações que suas palavras causam a mim e a meu corpo, como rajadas de vento em um dia quente. A segurança na confiança que podemos conceder um ao outro. Perfeitos, indispensáveis, como a noite e o luar.

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Ouvindo: Cassis - The Gazette.
quinta-feira, 8 de abril de 2010 | By: Igors Denali
Às vezes o tempo aquiesce, e passa. Rápido, ou talvez fosse lento? Não sei ao certo. Sinto-me ausente para mim mesmo em um complexo e inflexível devaneio, onde o tempo é apenas um simples detalhe, e a esse, decidi não permitir nenhuma importância. Seria isso um sonho, ou a minha realidade? Ultimamente os dois vêm sendo igualmente desinteressantes.

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segunda-feira, 5 de abril de 2010 | By: Igors Denali
- Hoje as coisas serão diferentes, precisam ser. Irei sorrir, e fazer com que todos acreditem no meu "Esta tudo bem." Evitar olhares curiosos, e afastar qualquer ato que possa atrair a atenção de alguém para mim... Me forçar a passar despercebido, como um coadjuvante. Começarei novamente. Serei alguém diferente. - Perdi a conta de quanto ensaiei para o momento que precisasse repetir essa peça. As cortinas se levantam agora, e tenho uma fração de segundo para repassar tudo novamente, mas meu texto parece soar mais falso a cada nova vez que pronuncio, como se o verdadeiro significado se perdesse, desgastando-se. Não acredito que meu sorriso seja mais tão convincente como antes. Nem que seja acreditável ao ponto de fazer alguém se convencer com meu "estou bem, obrigado." Talvez consiga alguma coisa com minha débil tentativa de representação, talvez não. Mas preciso tentar, é a única forma de superar.

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- O céu nublado esconde as estrelas, mas elas não param de brilhar pelo simples fato de ter algo as cobrindo, elas continuam lá, em uma explosão de brilho. E isso é inevitavelmente reconfortante, porque no fundo, mesmo sabendo que não posso mover as nuvens, sei que as estrelas continuam intactas, brilhando como a chama dos meus sentimentos... os sentimentos que retornam como uma Fênix ressurgindo das cinzas, algo inconvenientemente imortal, como a imagem naquela fotografia.

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quinta-feira, 1 de abril de 2010 | By: Igors Denali
Isso é um defeito: Esperar demais das pessoas, como se a vida fosse um filme. Para saber que não existem princesas perfeitinhas que vão te beijar e te transformar em príncipe. Que você será um eterno sapo por dentro e por fora. Que não existem romances épicos imortais, quando a mocinha se apaixona pelo mocinho e tudo fica bem. Que não existem finais felizes. Que a vida é uma ilusão criada por corações puros e lançada a seus olhos de forma superficial, para encobrir a face hostil e cruel da realidade. Uma mágica onde por trás sempre há um truque, e nos ilude, fazendo tudo parecer perfeito.

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