Continuo a guardar a fotografia na gaveta. Abandonada, escondida sob um emaranhado de livros que nunca irei ler. Completamente esquecida. Lembra quando a tiramos? Tudo em que pensávamos era em como o tempo era cruel por não esperar por nós, e em uma de suas investidas, levou-nos um do outro. Agora que não há nevoa em meus olhos, percebo que culpar o tempo é culpar a nós mesmos por não termos sido capazes de elevar nossos sentimentos para superá-lo. De qualquer forma, o tempo não importa mais. Quando quis de volta a fotografia da gaveta, sua face estava corroída pelas traças. Afinal, quem era você? Se eu soubesse tudo seria mais fácil, pelo menos em tese.
"O coração, porém, era mais forte do que ele e se recusou a renunciar ao controle dos seus sentidos ou a retornar à urna em que estivera trancado por tanto tempo.
Afogo-me com suas lágrimas alheias, que a mim deviam pertencer. Sonho em repousar minha boca na sua, sem procurar descanso. Desejo caminhar para além do brilho de seus olhos, e devanear por seus pensamentos, que agora meus também seriam. Mas esse brilho não me pertence. Assim sou sugado para a vastidão de um vazio que de vazio nada possui. Se assim for, então vago por um vazio não vazio, porém, mesmo assim vazio pela ausência nele de você.
─ Igor's Denali
Há pessoas as quais me fazem sentir a realidade aflorar os sentidos e despertar a confiança. Algumas dotadas de uma essência tão pura, capazes de vencer e passar por cima de tudo aquilo que amo, acredito e defendo; apenas por serem quem são. Influenciam em minhas escolhas, e mesmo que eu erre não se voltariam a mim com olhares de desaprovação. Um abraço sem julgamento, sem pressa. Aquecem-nos, ou congelam conosco. - Amigos. – Sem eles, permaneço constantemente alienado. Existo, e apenas existo. Mal sentindo a necessidade de respirar esse ar vazio, carregado com o peso da solidão.
