Uma vez eu morri. Na verdade não foi muito ruim, já que não vivi direito.
Durante os anos fui me aprimorando por fora e apodrecendo por dentro. Plagiando, copiando, duplicando, repetindo. Erros. Meus erros. Fui sinônimo de um ou outro que tentou, mas não foi nada. E morreu. Morri. Permaneci foto contra a luz, contornos de alguém que ninguém jamais soube discernir.
Sombra.
Gostava de sair de madrugada e imaginar que as ruas estavam vazias porque as pessoas tinham medo de mim. Durante o dia, os olhres de estranhamento eram muito mais do que por minhas vestes maltrapilhas, ludibriado por tantas tentativas e fracassos, chegava acreditar ter conseguido ser alguém. Como eu me sentia interessante! E no entanto, continuava sendo o coadjuvante daquele filme que prometia estourar. E prometendo eu continuei.
Não lhe julgo por não se lembrar de mim, ou do filme. A bilheteria não cobriu as expectativas.
Eu não cumpri;
Nem tão pouco vivi.
Por isso não sofri com o fim.
Abracei-o, aquiesci.
- Igor Denali.
2 comentários:
Muito bom o texto, me prendeu desde a primeira frase.
Muito bom mesmo.
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