quarta-feira, 24 de setembro de 2014 | By: Igors Denali
Catarse

Eu sempre finjo que não sei o que sinto, ou que não sinto nada, por medo. Esse medo cresce ao me ver verbalizando, definindo, mensurando meu sentir. Sei que tenho trabalhado meus últimos anos sobre uma não segurança, evitando palavras, pessoas e acima de tudo, sentimentos. Claro que evitá-los, com toda a certeza do mundo, não os tornam menos presentes, pelo contrário, parecem me assombrar com mais frequência, esfregando na minha cara erros que só cometi por não abraçar meus medos. Por não me espremer por passagens improváveis. Por não me aventurar. Não me arriscar. E ai todos vem à tona numa noite ou outra quando permito que se instaure aquele estado de melancolia. Que eu só permito, pois é um sentir simplório de não ter feito, comparado a arrependimentos fundamentados - coisas que fiz, e quis esquecer -. Como quando você sabe que é hora de se despedir, mas se agarra ao momento procurando estendê-lo para sempre. Eu nunca estendi. Provavelmente porque não sinto nada. E a falta de sentir é, a principio, minha maior mentira.


- Igor Denali

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