domingo, 17 de outubro de 2010 | By: Igors Denali
Tão juntos ficamos, aconchegados. Podia ouvir o sussurro da respiração dela, logo ali, junto ao meu peito. Em certos instantes conseguia discernir, mesmo entre tantos sentidos que se amontoavam confusos, o aroma de seu hálito quente. O calor de seu corpo, ou até mesmo a percepção de saber onde ela estava, tão perto de mim, logo fizeram com que minha mente entrasse em êxtase. Por tão próximos que estivessem nossos olhos, poderia ver das mais antigas lembranças ao maior e mais pavoroso temor, mas incompreensíveis a mim ainda eram os pensamentos os quais ela nutria naquele instante. Enquanto ao meu corpo, meu sangue pulsava, minhas veias latejando cheias de desejo reprimido. No momento em que meus lábios poderiam tocar os dela, por mais que quisesse que aquele momento durasse eternamente, fragmentei-o. Quando enfim estávamos em sincronia como nunca estivemos, fiz o melhor que pude para afastá-la sentimentalmente. Dói, mas todo esse desconforto é a prova mais concreta do sacrifício que fiz, faço e farei para mantê-la distante. Continuarei afastando-a, mesmo que doa, para garantir que outro a leve à felicidade, essa a qual, não sou capaz – ou a melhor opção - de oferecer.

Ela não sabe, não saberá. A cada dia, espero que esteja nutrindo por mim mais raiva e desapontamento. Pois nunca a vi tão feliz quanto parece estar comigo distante. E ai então, talvez algum dia eu tenha a sorte, enfim, de acreditar também na raiva e desapontamento que tanto finjo sentir por ela.

Igor's Denali

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