quarta-feira, 9 de julho de 2014 | By: Igors Denali
Meu coração é impuro, doente. Não é bom. Degrada-se a cada batimento. Busca cada vez mais a insanidade instável, querendo, ardentemente, espalhar sua dor mascarada em crueldade, tornando tudo negro.

Meu coração quer heroína, ópio e morfina. Quer qualquer coisa que desfaça o peso que lhe cobre por não dar a mínima para o que acontece. Quer permanecer imóvel frente às desgraças dos noticiários, sem se importar por sua falta de sensibilização, para ele, o número de vítimas são apenas números. Ele tem vontade de destruir o meio-ambiente, atirar em animais indefesos e não liga para a fome do mundo. 

Bombeia rum e se infla com toda a embriaguez que puder ter.

Meu coração anseia por sexo selvagem, sem nada além da troca de fluidos, apenas a volúpia do momento. Ele quer ser sujo, sem respeito. Só. Não quer descendentes, não busca transmitir sua insanidade, o descaso e falta de sentir adiante. Ele por si se basta. Quer ser negro e com toda liberdade para sê-lo. 

Meu coração não quer bater e só o faz pela certeza de que a cada batimento está mais próximo do fim. 

Ele nem ao menos quer ser um coração, quer ser uma bomba atômica e destruír, sem receios, essa carcaça que lhe carrega e lhe força a prosseguir.

- Igor Denali

2 comentários:

Anônimo disse...

Seus poemas são tão lindos :3 acho que é doideira minha mas quando leio seus poemas me lembram um pouco Caio Fernando Abreu.

Igors Denali disse...

Nossa, que elogio incrível. <3

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