quarta-feira, 25 de junho de 2014 | By: Igors Denali

Até para mim que gosta de coisas breves e intensas, foi pouco. Pouco de você, pouco de nós no escuro, sob o edredom, hora fitando um ao outro sem nos vermos, hora sentindo nossa respiração. Hora. Horas, às vezes parece que foram apenas horas. 


Lembro que tomei cuidado na primeira vez que entrei na sua casa¹, não podia deixar uma má impressão. Lutei para que não visse a sujeira que deixei atrás de mim, as pegadas de lama. Não deixei que sentisse a insegurança na minha voz, e por isso segurei tão firme a sua mão, beijei tão forte os seus lábios. Por isso, e porque você também, naquele ponto, já havia entrado na minha, sem me distrair para esconder suas pegadas. Me tornou seu, sem sujar meu lar. 

Sonhei conosco essa noite. E aí, querida, que você não quis mais sentir o calor do meu hálito no seu pescoço, o aperto das minhas mãos na sua cintura ou o toque dos nossos corpos se completando. 

Queria que fosse uma mentira, queria que não tivesse sido uma. 

Eu poderia ter dito que não mancharia seu piso branco de lama, tecer uma ou duas histórias sobre como minhas mãos lhe entregariam rosas, não dores. Mas mentiria. Tive mais de você, do que você de mim. Foi pouco. 

Você havia se apaixonado por minhas mentiras, e quando me tornei verdade, já não éramos nada. 


¹ Coração.


- Igor Denali

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