segunda-feira, 30 de junho de 2014 | By: Igors Denali

Eu não sou a escolha certa para ninguém, e ainda assim, você me escolheu. Não importa quantas vezes eu tenha lhe dito isso, de inúmeras formas diferentes desde a primeira. Fiz dos meus defeitos amantes inseparáveis e de minha própria causa minha maior preocupação, e no entanto, você não se distanciou. Da minha forma torta, você escupiu, lentamente e com jeitinho, uma caricatura do que acreditou ser aceitável para ter por perto, e isso fez toda a diferença. Eu não mudei por você, e você não me impôs que fizesse. Pela visão de todos, deixou-me errado, quebrado, ainda torto, imperfeito, mas perfeitamente bem por estar ao seu lado sendo quem sou. Completo.

- Igor Denali
quarta-feira, 25 de junho de 2014 | By: Igors Denali

Até para mim que gosta de coisas breves e intensas, foi pouco. Pouco de você, pouco de nós no escuro, sob o edredom, hora fitando um ao outro sem nos vermos, hora sentindo nossa respiração. Hora. Horas, às vezes parece que foram apenas horas. 


Lembro que tomei cuidado na primeira vez que entrei na sua casa¹, não podia deixar uma má impressão. Lutei para que não visse a sujeira que deixei atrás de mim, as pegadas de lama. Não deixei que sentisse a insegurança na minha voz, e por isso segurei tão firme a sua mão, beijei tão forte os seus lábios. Por isso, e porque você também, naquele ponto, já havia entrado na minha, sem me distrair para esconder suas pegadas. Me tornou seu, sem sujar meu lar. 

Sonhei conosco essa noite. E aí, querida, que você não quis mais sentir o calor do meu hálito no seu pescoço, o aperto das minhas mãos na sua cintura ou o toque dos nossos corpos se completando. 

Queria que fosse uma mentira, queria que não tivesse sido uma. 

Eu poderia ter dito que não mancharia seu piso branco de lama, tecer uma ou duas histórias sobre como minhas mãos lhe entregariam rosas, não dores. Mas mentiria. Tive mais de você, do que você de mim. Foi pouco. 

Você havia se apaixonado por minhas mentiras, e quando me tornei verdade, já não éramos nada. 


¹ Coração.


- Igor Denali
domingo, 8 de junho de 2014 | By: Igors Denali
quinta-feira, 5 de junho de 2014 | By: Igors Denali
Sua mão álgida tocando na face,
que calma e decência
se fazem sentir,
e lá dentro aos berros, querendo fugir.
E na vontade de ser novo
descontruindo-se.
Se desmanchando,
manchando o outro.
Nutrindo o nocivo
medo das sombras,
igual a uma criança
agonizando.
Em desespero o ciclo volta
a se repetir
já que o que se vê, reflexo nítido
não é, longe de tudo aquilo
que evidencia existir.

- Igor Denali