quinta-feira, 21 de julho de 2011 | By: Igors Denali
Deixe-me abrir um pouco a janela. Sigo tendo pensamentos como plumas, daquelas que espreitam esperançosas uma brisa qualquer soprar, e por lá ir. Aqui venho eu com tais plumas. Tornou-se costume, ainda escrever muito e libertar poucas, mas no fundo você sabe... todos nós já sabemos, Zé. No entanto isso só acontece por eu não conseguir botar tudinho afora. É de tanto apertar, socar, acomodar aqui dentro. O que sai, são essas plumas malandras que encontram uma ou outra brisa. Só tento me preservar, Zé. Fico nesse eterno peneirar de pensamentos. Apertando, socando e acomodando todo o resto para silenciar-me o máximo possível. Desacostumei em deixar estar, ficar. Sei lá, sabe?! Nem te conto Zé, mesmo desaprendendo das palavras escritas, essas danadas que fogem de mim quando as necessito. Tem algumas coisas que não querem ficar cá, e se não abro um pouco a janela para que me escapem nesses sopros, fica tudo muito apertado aqui dentro.

Igor's Denali
domingo, 10 de julho de 2011 | By: Igors Denali
Tão feio, suponho ser, essa tentativa de solidificar o que já se foi, insistente por não ter sido oferecida chance de prosseguir do ponto em que ficou. E fico descamando, descamando, e por fim desnudo. Não se fazem mais envoltórios como antes, tampouco sentimentos. Tênues, quase nada. Por que expresso tal desapontamento? Sei o bem, mas meu deposito de ânimo para falar sobre, esvaziou-se. Abstenho-me; Não quero, preciso ou me lembro. Não que exista até então esta possibilidade: esquecer. Talvez não querer, precisar e não falar sobre. Que seja. Oh, não intervenha. Deixe-me sussurrar em gritos altos e não tente compreender. Justo eu, por tão precavido de ser nessa vida, transbordando de tantas defesas e armas que me obrigaram a construir. Inspiro e espero, porque me foi dada, ainda, a tal chance de supor que laços não se desfazem com tanta facilidade. Fico contestando atestados de insanidade e distúrbios, pois tenho por ser natural instalar-me em areias movediças e beber altos goles de desastre, paranóia e confusão psicológica. Apenas receio reescrever uma autobiografia, um romance que se enrolou demais para poder desembaraçar. Confesso, faz-me falta entre uma palavra e outra. Apesar dos pesares, ai se vai mais uma noite sem você - sem nós - na camada entre mim e o edredom. Entre a sua vontade de rebolar e a minha obsessão por leituras complicadas; entre provocações improvisadas e mãos dadas que não ocorrem. Entre tudo o que foi, e que hoje não é mais.

Achei feio tentar solidificar o que já se foi, mais ainda, por desde o princípio, saber que não conseguiria.

Igor's Denali