Deixe-me abrir um pouco a janela. Sigo tendo pensamentos como plumas, daquelas que espreitam esperançosas uma brisa qualquer soprar, e por lá ir. Aqui venho eu com tais plumas. Tornou-se costume, ainda escrever muito e libertar poucas, mas no fundo você sabe... todos nós já sabemos, Zé. No entanto isso só acontece por eu não conseguir botar tudinho afora. É de tanto apertar, socar, acomodar aqui dentro. O que sai, são essas plumas malandras que encontram uma ou outra brisa. Só tento me preservar, Zé. Fico nesse eterno peneirar de pensamentos. Apertando, socando e acomodando todo o resto para silenciar-me o máximo possível. Desacostumei em deixar estar, ficar. Sei lá, sabe?! Nem te conto Zé, mesmo desaprendendo das palavras escritas, essas danadas que fogem de mim quando as necessito. Tem algumas coisas que não querem ficar cá, e se não abro um pouco a janela para que me escapem nesses sopros, fica tudo muito apertado aqui dentro.
─ Igor's Denali