Segui em frente.
Ana, Marta, Paula, Amanda. Tentei manter o padrão, aquelas que menos se pareciam com Liza. Uma desculpa, a porta sempre destrancada. Noites insones, no menos um sono tão pesado quanto uma pluma. Fazia de bobo, esfregava os olhos para ter certeza de não estar dormindo. Liza não voltou, mesmo que rezasse para que em seguida ao barulho da porta sendo arrastada me viesse a doce voz de Liza desculpando-se por me acordar, para logo depois ouvir o miado de um gato vira-lata qualquer à procura de abrigo.
O banheiro se tornou digno de minha companhia diária, logo após uma ou outra bebida mal colocada ou uma tragada descomprometida. Sem falar nas cápsulas e cápsulas que iam e voltavam. Nunca me dei bem com coisas assim, nunca precisei de coisas assim com Liza. Já sem Liza...
Não sei em que lugar me perdi, ou em que lugar perdi Liza. Mas esse detalhe fez toda a diferença pelo resto da minha vida. Eu esperei que as coisas se ajeitassem. Dizem que nada melhor que um tempo, avisado ou não, para concertar as coisas. Esperei por ela.
Aquele dia, fitando meu divino pedaço de torta inglesa, me senti livre de tensão ou pensamentos que incitassem vontades relacionadas a ela. Pedi outro. Não me lembrei de Liza por longos dias, que se estenderam se tornando semanas, e por fim, meses.
Tanto fez, ela não voltou mesmo.
Eu tentei. Tentei abafar o silêncio de Liza, que a quem for capaz de entender, era um soco no estomago e duas facadas nas costas. Assumo, amei Liza. Amei mesmo quando me mostrou ser apenas mais um corpo presente, quando nossos corações já não batiam mais no mesmo ritmo.
Tentei esconder minha indignação, mas esconder de quem? Ana, Marta, Paula, Amanda? Bem, tenho de confessar algo: essas nunca fizeram alguma diferença. E meu divino pedaço de torta inglesa?! Então, esse perdeu o sabor lá pela quinta garfada, sem Liza. E agora aqui estou eu, inerte observando o vermelho das paredes do nosso quarto, do meu quarto, a cor escolhida por ela. O relógio, por um motivo ou outro não funciona mais, como se ao Liza me deixar, tudo tivesse desandado, e de fato desandou.
Gosto de acreditar que o relógio não parou há alguns meses atrás, e Liza, daqui poucos minutos vá adentrar por entre aquela porta, arrependida, me ver aos prantos, também arrependido, e tudo voltará a ser como antes. Quando eu era eu com Liza.
Enquanto isso sou apenas eu, sem ela. Desculpe se não é suficiente para você, não me culpe, também não é suficiente para mim.
A repetição excessiva de"Liza"é PROPOSITAL. Só para constar.
─ Igor's Denali
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