quarta-feira, 8 de setembro de 2010 | By: Igors Denali
Naquela rua onde árvores se entrelaçavam, apoiando-se umas nas outras como amantes, uma alma vazia caminhou. Com todas as decepções acarretadas, desejos nunca alcançados, amores nunca vividos, não mais se apegaria as coisas ao seu redor, preocupava-se apenas em manter as mãos firmes para segurar a rosa que carregava consigo, uma amante silenciosa, mesmo que fria. Durante um descuido, uma ventania repentina, em uma brusca investida, levou o aroma de sua rosa, e a alma, sem muito se preocupar, não hesitou em permanecer com o percurso lento pela rua escura. A alma continuou, e uma chuva quebrou o silencio que aqueles passos ocos e sem determinação causavam, uma música gélida se formava do encontro das gotas com a rocha, um som que se encaixava perfeitamente à pintura melancólica daquela alma. E enfim, da rosa, levou também a cor. Invariavelmente despreocupada, a alma arrastou-se sem enxergar as folhas das antigas árvores na rua caindo ao seu redor, secas e mortas, e assim, se foram as pétalas já também secas de sua rosa. O tempo é rude, leva a beleza, a cor e também a sensibilidade, coisas perdem valor e sentimentos se esvaem. E àquela alma, nada realmente importava agora, pois completamente solitária, nada fazia sentido. Ironia, pois apenas ela não havia percebido, que desde o começo, a solidão fora seu único companheiro. E naquele instante, junto aos primeiros flocos de neve, pereceu.

No fim, como desde o começo, era apenas uma existência vã, jazendo sob os ramos de uma rosa sem aroma e sem cor, tão sozinha quanto da primeira vez.

Igor's Denali

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